O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (17) que o Brasil vai revelar uma lista com nomes de países que importam madeira extraída de forma il...
O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (17) que o Brasil vai revelar uma lista com nomes de países que importam madeira extraída de forma ilegal da Amazônia brasileira.
Durante o seu discurso na 12ª
Cúpula do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul, o presidente voltou a criticar os “ataques” que o país sofre em relação às
queimadas e ao desmatamento na região amazônica. “Creio que depois dessa
manifestação [divulgação da lista], que interessa a todos no mundo, essa
prática diminuirá e muito nessa região”, afirmou.
Segundo o presidente, a
Polícia Federal desenvolveu um método para rastrear a origem de madeiras
apreendidas e exportadas usando isótopos estáveis, uma espécie de DNA que
mostra a proveniência geográfica de produtos.
“Estaremos revelando, nos
próximos dias, nomes dos países que importam essa madeira ilegal da Amazônia,
porque, aí sim, estaremos mostrando que esses países, alguns deles que muito
nos criticam, em parte, têm responsabilidade nessa questão [do avanço do
desmatamento]”, disse o presidente.
A cúpula do Brics, que
ocorreu de forma virtual nesta terça-feira, marca o fim da presidência pro
tempore da Rússia à frente bloco, ao longo do último ano. Em 2021, o grupo de
países será presidido pela Índia.
Bolsonaro saudou o trabalho
da presidência russa ao manter o grupo ativo em 2020 e aprofundar iniciativas
de cooperação em diversas áreas, mesmo em meio à pandemia de covid-19. Para o
presidente, os países do Brics estão em “perfeita sintonia” no combate ao
terrorismo e na busca de uma vacina segura e eficaz contra o novo coronavírus e
comprometidos com ações para minimizar as emissões de carbono, que levam ao
aquecimento global e às mudança climáticas.
Ele lembrou que a primeira
reunião do Brics aconteceu em 2009, em meio a “uma das mais graves crises
financeiras de história”, e que, naquele contexto, “a força das economias
emergentes mostrou-se fundamental para a recuperação da economia
internacional”.
“Em 2020, o mundo volta a
enfrentar uma crise de contornos desafiadores. Mais uma vez, os países do Brics
podem desempenhar papel central nos esforços da superação da covid-19 e da
retomada da economia”, observou.
Para Bolsonaro, o caminho
para o crescimento econômico depende da cooperação focada em “benefícios mútuos
e respeito às soberanias nacionais”, com a ampliação de medidas de promoção
comercial e incentivo a uma maior interação entre os setores privados dos
países do bloco.
“Nesse aspecto, o Brics se
destaca pela variedade de setores e atividade abrangidos pelas iniciativas do
grupo. Nossa cooperação deve incentivar a liberdade de criar e empreender”,
explicou.
O presidente da República
defendeu ainda a reforma de organismos internacionais como a Organização
Mundial da Saúde (OMS), da Organização Mundial do Comércio (OMC) e do Conselho
de Segurança das Nações Unidas, este último composto por cinco membros
permanentes (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido) e por dez
membros não permanentes, eleitos para mandatos de dois anos.
O presidente criticou a
“politização do vírus [da covid-19] e o pretenso monopólio do conhecimento por
parte da OMS” e disse que a pandemia mostrou a “centralidade das nações para a
solução dos problemas que acometem o mundo”.
“Temos que reconhecer a
realidade de que não foram os organismos internacionais que superaram os
desafios, mas sim a coordenação entre nossos países”, frisou, destacando a
necessidade de um sistema internacional pautado pela liberdade, transparência e
segurança, com a defesa da democracia e da soberania dos países.
Para Bolsonaro, uma comunidade
internacional “verdadeiramente integral e ativa” só será possível com essas
reformas. Ele defendeu, também, que os países do Brics coordenem o apoio à
redução de subsídios para bens agrícolas por parte da OMC e o acesso permanente
de Brasil, Índia e África do Sul ao Conselho de Segurança. “Com esse importante
passo, tenho certeza que a cooperação no Brics sairá ainda mais fortalecida”,
disse.
Juntos, Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul (cujas iniciais, em inglês, deram nome ao grupo)
reúnem uma população de cerca de 3,1 bilhões de pessoas, o que equivale a
aproximadamente 41% da população mundial, e respondem por 18% do comércio
mundial.
Os principais acordos
realizados durante a presidência da Rússia no bloco serão formalizados na
Declaração da Cúpula de Moscou e em outros documentos. Durante o evento, também
serão acordados os posicionamentos que serão apresentados durante a Cúpula do
G20, que reúne as 20 maiores economias do mundo, marcada para os dias 21 e 22
de novembro.
Com informações da Agência Brasil