Na rede privada de SP, a estimativa do sindicato das escolas é de que 80% dos alunos voltaram às aulas presenciais| Foto: Governo de São Pau...
Na rede privada de SP, a estimativa do sindicato das escolas é de que 80% dos alunos voltaram às aulas presenciais| Foto: Governo de São Paulo
Escolas estaduais e particulares do estado de São Paulo retomaram as aulas presenciais nesta segunda-feira (8). As instituições de ensino haviam sido fechadas em março do ano passado em decorrência do novo coronavírus, chegaram a abrir em setembro e outubro, mas receberam poucos alunos e voltaram a fechar com o agravamento da pandemia. Agora, podem receber até 35% dos estudantes, percentual que pode aumentar nas próximas semanas, e irão seguir com o modelo híbrido – parte dos alunos assistem às aulas presencialmente e os demais seguem acompanhando as atividades de forma remota, com sistema de rodízio entre esses grupos.
No caso das escolas particulares, de acordo com Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp), as instituições podem receber até 70% dos estudantes em regiões que estão na fase amarela do Plano de São Paulo – desde que consigam manter o distanciamento social entre os alunos e os demais protocolos sanitários.
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Nas instituições privadas, a estimativa do presidente do Sieeesp, Benjamin Ribeiro da Silva, é de que 80% dos alunos compareceram às aulas presenciais nesta segunda-feira. Se uma escola tem 1000 alunos, por exemplo, 350 deles puderam retomar às atividades presenciais nesta segunda – o segundo grupo vai ao colégio na terça, outro na quarta e então segue o rodízio. Nesse exemplo, segundo os dados do Sieeesp, 280 teriam assistido às aulas presencialmente. Os demais seguiram acompanhando as atividades de forma remota e irão à escola nos dias determinados pelo escalonamento estabelecido pela respectiva unidade de ensino.
Silva salientou que as escolas particulares estavam se preparando para a retomada das aulas presenciais desde agosto de 2020. As instituições compraram equipamentos de proteção individual (EPIs) para seus funcionários, estabeleceram protocolos, contrataram consultorias especializadas e estão seguindo todas as orientações das autoridades sanitárias quanto ao uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social.
Para o sindicato das escolas particulares, o trabalho de preparação das instituições de ensino e as conversas com os pais dos alunos fizeram com que a adesão à volta às aulas fosse tão expressiva. “No ano passado, 80% das famílias não queriam os filhos nas escolas [da rede privada]. Revertemos esse quadro em São Paulo e 80% delas devem mandá-los para os colégios”, afirmou.
Sobre o percentual de alunos nas escolas, o presidente do Sieeesp afirmou que o número ideal varia de 35% a 50% do número de estudantes – em sistema de rodízio. Para ele, esse ainda não é o momento para ter 70% dos alunos nas salas. A exceção são as instituições que possam garantir que o distanciamento e todos os protocolos sejam seguidos à risca e em todas as circunstâncias.
“Trabalhamos para minimizar os riscos. Eles ainda existem, mas acreditamos que as escolas particulares estão bem preparadas para a volta às aulas presenciais”, salientou Silva.
Escolas estaduais
O governo de São Paulo afirmou que a volta às aulas ocorreu de forma tranquila e segura nas escolas da rede estadual e ressaltou a importância da retomada das atividades presenciais. O Executivo paulista também destacou que a adesão dos professores à greve convocada pelo sindicato da categoria foi baixa e que isso permitiu a a volta das aulas.
“Nenhum tipo de tecnologia substitui a presença do professor em sala de aula, e sabemos que os prejuízos causados aos alunos que se mantêm fora da escola por muito tempo são enormes”, afirmou o secretário de Estado da Educação de São Paulo, Rossieli Soares, em entrevista ao site do governo de SP.
Em umas das unidades, meninos e meninas testavam os protocolos sanitários na Escola Estadual Raul Antônio Fragoso, em Pirituba, que recebeu nesta segunda 121 alunos, dos 123 previstos para ir ao colégio. Um professor de Educação Física ensinava o distanciamento estendendo o braço, enquanto encaminhava os alunos de volta para a sala de aula.
Na hora do intervalo, as professoras com máscara e face shield pediam aos alunos para lavarem as mãos. As crianças abaixavam as máscaras na altura do queixo para comer, e a euforia, às vezes, dificultava o distanciamento.
Com duas máscaras de pano e face shield, o diretor Deilson Fonseca, da Escola Estadual Padre Manoel da Nóbrega, na Freguesia do Ó, garantia que os protocolos foram cumpridos. Ele não nega ter receio do retorno, mas tenta tomar o máximo de cuidado. “Medo eu tenho, mas me cuido. E pego no pé dos professores para usarem máscaras”, disse Fonseca, enquanto um carro de som do sindicato dos professores passava pela escola chamando para a greve. Segundo Fonseca, não houve adesão à paralisação na escola onde trabalha e só docentes do grupo de risco faltaram.
Larissa, de 10 anos, comemorava a volta às aulas após 11 meses, mesmo não tendo reencontrado as amigas que ficaram em uma turma diferente do rodízio. “Foi legal. Até consegui terminar de escrever um texto”, contou.
Para garantir ocupação máxima de 35%, as escolas escalonaram os alunos. Em alguns casos, os estudantes frequentam a escola durante toda a semana e passam as duas semanas seguintes no ensino remoto. Em outros, vão à escola apenas alguns dias na semana.
Luiz Dimas, de 59 anos, foi até a escola para saber quais os dias de retorno de Clayton, de 10 anos. Segundo o pai, a aula pela internet foi difícil e o menino não conseguiu aprender muita coisa – percepção que Clayton confirma sacudindo as duas mãos, para cima e para baixo, para dizer que a aula remota foi “bem mais ou menos”.
“Quero voltar para ver meus amigos”, diz o menino, que redescobriu nesta segunda seu turno na escola, animado. “Ele tem de retornar porque em casa não acompanha as aulas pelo YouTube, mas deviam vacinar primeiro os professores”, diz o pai.
Mas não foram todos os pais que concordaram com o retorno às aulas presenciais. Edineide da Franca, de 36 anos, afirmou que a filha não vai voltar às atividades na escola. “Vim aqui saber se o retorno é obrigatório porque não quero levar minha filha. Sophia, de 7 anos, regrediu, já não sabe mais ler um texto, e quer voltar à escola. Mas a mãe dela, que é hipertensa, tem medo que a menina seja infectada com o coronavírus na escola e passe para a família. “As escolas não têm funcionários, faltam muitas coisas, não tenho garantia”, opinou a mãe da estudante.
Fonte: www.gazetadopovo.com.br/educacao/volta-as-aulas-em-sp-fevereiro-2021