Os últimos quatro corpos retirados da gruta Duas Bocas, em Altinópolis (SP), chegaram ao acampamento base do resgate por volta das 23h des...
Os últimos quatro corpos retirados da gruta Duas Bocas, em Altinópolis (SP), chegaram ao acampamento base do resgate por volta das 23h deste domingo (31). A chuva incessante, o terreno escorregadio e a escuridão em meio à trilha na mata fechada dificultaram o trabalho dos bombeiros, que já não podiam contar com helicóptero Águia nessas condições.
Segundo o comandante da operação, o major Rodrigo Moreira Leal, do 9º Grupamento de Bombeiros de Ribeirão Preto, cada um dos quatro corpos foi trazido por equipes com 11 bombeiros cada.
Cada grupo chegou em intervalos de 15 minutos, com rostos extenuados pela dura caminhada na mata até o descampado forrado com palha de cana de açúcar, onde estavam as quatro barracas que protegiam da chuva. "As dificuldades são somadas, mas nos esforçamos para trazê-los de volta para as famílias", afirmou o sargento Anderson Oliveira.
Mesmo sem familiares das vítimas por perto, o clima era de consternação. O fato de os mortos serem bombeiros civis trouxe a empatia entre os responsáveis pelo resgate, uma sensação de que poderia ser qualquer um deles ali.
A estimativa é de que 30 a 50 toneladas de material tenham se desprendido do teto e despencado de uma altura de três metros sobre as vítimas, que não tiveram tempo para reagir. "Uma delas estava sentada, como quem não conseguiu nem perceber o que houve", contou o bombeiro civil Douglas Santos, que foi um dos primeiros a chegar ao local.
Os corpos foram encontrados a uma profundidade de 1,5 metro, soterrados. A partir do momento em que se chegou ao primeiro, não foi tão difícil chegar aos demais. Entre eles, um casal.
"Todos eles eram altamente qualificados, não aventureiros. Estavam em treinamento justamente para uma situação como essa", disse o bombeiro civil Márcio Seixas, da entidade Bombeiros Unidos Sem Fronteiras, que estava no local.
Segundo envolvidos no resgate, evitou-se divulgar os nomes das vítimas porque muitas famílias poderiam não ter ideia do que havia ocorrido. Domingo à noite era justamente o período em que deveriam estar voltando para casa.
O último corpo chegou às 23h05. Logo depois, bombeiros se perfilaram sob uma das barracas, fizeram uma contagem final para saber se estavam todos ali. Fizeram a Oração do Guerreiro e se despediram da missão.
A previsão é de que os corpos sejam liberados às 7h. Velório e enterro das sete vítimas de Batatais devem ocorrer em conjunto, no ginásio da cidade. Outros dois mortos são de Franca e Sales Oliveira.
POR FOLHAPRESS