Uma tenente da Polícia Militar do Ceará ficou presa por um dia depois de ir ao banheiro lavar sua farda que estava suja de sangue de menst...
Uma tenente da Polícia Militar do Ceará ficou presa por um dia depois de ir ao banheiro lavar sua farda que estava suja de sangue de menstruação. O caso ocorreu no Batalhão de Policiamento Turístico (BPTUR), em Fortaleza, no dia 28 do mês passado.
Por volta do meio-dia, ela enviou uma mensagem por meio do WhatsApp ao seu superior, um tenente-coronel, informando que iria sair para o almoço depois que sua marmita foi entregue.
A policial disse que, no caminho até a calçada do batalhão, notou que seu uniforme estava sujo de sangue e decidiu ir ao banheiro para lavá-lo. Minutos antes, ela havia liberado os policiais que estavam de serviço com ela para irem almoçar.
Enquanto o uniforme secava, ela vestiu uma calça jeans e uma blusa branca e saiu para pegar a refeição. Na volta ao quartel, foi presa em flagrante por abandono de posto. Ela foi liberada no dia seguinte ao obter um alvará de soltura.
A policial disse ter se sentido constrangida durante a abordagem do tenente-coronel. Segundo ela, o superior entrou no alojamento feminino sem permissão e, segurando a porta, disse que não precisaria vestir o fardamento ainda molhado, apressando-a a sair rapidamente do local. Foi, então, conduzida à Coordenadoria de Polícia Judiciária Militar (CPJM), com a presença do advogado.
Em depoimento, o tenente-coronel disse que, ao presenciar a saída da policial à paisana da unidade, ligou para ela, que comunicou que tinha deixado o local para almoçar. Na sequência, o superior contatou os demais policiais que estavam de serviço com a tenente e foi informado de que haviam saído também para almoçar, deixando a área sob guarda da tenente.
Após esperar por 30 minutos a chegada da tenente à unidade, o tenente-coronel procurou saber o motivo pelo qual a policial havia saído sem o uniforme. O tenente-coronel contou ter ligado várias vezes por meio do rádio transmissor, mas não houve nenhuma resposta da policial.
Segundo a militar, seu rádio havia ficado sem bateria e, por isso, entregou o equipamento na reserva do patrulhamento, ficando sem comunicação com os demais. Na ocasião, recebeu a ligação de um dos policiais para responder o rádio.
Procurada, a Polícia Militar do Ceará, em nota, contestou a versão da tenente. "Segundo o oficial, a policial foi flagrada saindo do quartel, sem uniforme e sem autorização superior, no horário em que deveria estar de serviço. Ao ser questionada sobre o fato, ela teria afirmado que iria almoçar. Não procede informação de que a mesma estaria lavando o fardamento, na ocasião."
Ainda segundo a corporação, o policial, quando de serviço, "tem que passar todo o turno de trabalho uniformizado e se tiver um caso fortuito, deve informar de imediato ao seu superior hierárquico, o que não teria sido feito pela policial militar no referido caso".
De acordo com o artigo 195 do Código Penal Militar, "abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo" é uma prática de crime militar, com detenção de 3 meses a 1ano.
A tenente trabalhava havia dois meses no local. De acordo com ela, outros policiais ficavam com a farda incompleta na corporação.
Na última quarta (17), o Ministério Público do Ceará ofereceu denúncia contra a militar. "A tenente abandonou o serviço, que se constitui crime militar, e seu superior lhe deu voz de prisão. Feito o flagrante, vindo os autos para o Ministério Público Militar, constatando o fato típico, foi ofertada a denúncia", afirmou o promotor de Justiça Militar Sebastião Brasilino.
A reportagem entrou em contato com o advogado de defesa da tenente, Oswaldo Cardoso, que não quis se pronunciar sobre o assunto.
POR FOLHAPRESS