Os três meninos que desapareceram há quase um ano em Belford Roxo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, foram mortos por causa de um...
Os três meninos que desapareceram há quase um ano em Belford Roxo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, foram mortos por causa de uma sessão de tortura em que houve excesso por parte de traficantes, de acordo com a Polícia Civil fluminense.
Segundo o delegado Uriel Alcântara, que chefiou as investigações, eles foram condenados em uma espécie de tribunal do crime após terem furtado duas gaiolas de passarinhos do tio de um traficante. Um dos garotos acabou morrendo durante as agressões e, para "resolver o problema", decidiu-se matar os outros dois.
Os investigadores esclareceram nesta quinta (9), em entrevista coletiva, a suposta dinâmica dos eventos. Os primos Lucas Matheus da Silva, 8, e Alexandre da Silva, 10, e o amigo deles, Fernando Henrique Soares, 11, saíram de casa para brincar por volta das 11h30 de 27 de dezembro, na comunidade do Castelar.
Depois, eles foram vistos dentro do conjunto habitacional onde viviam com duas gaiolas nas mãos. Dali, saíram por um buraco no muro e seguiram por uma pequena trilha. Segundo crianças com quem brincavam, eles se dirigiram à feira de Areia Branca, a cerca de 2 km de distância e fora das barricadas da favela.
Às 13h39, uma câmera de segurança filmou o trio andando sem as gaiolas em direção a essa feira, onde também foram vistos por testemunhas. Em algum momento no retorno para casa, eles foram capturados, torturados e mortos, de acordo com a polícia, que não sabe qual deles foi assassinado primeiro.
Uma das conversas interceptadas nas apurações mostra dois homens não identificados falando sobre o caso: "Me colocaram como suspeito dessa morte das crianças também. Não viu, não, na televisão?", pergunta um. "E tu não quis nem bater, lembra?", responde o outro.
Depois dos homicídios, traficantes foram até um bar montados em duas motos e exigiram que um homem transportasse os corpos de carro. Eles foram para o alto da comunidade, colocaram sacos pretos no porta-malas e então dirigiram até um rio da região, onde os corpos foram jogados.
A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) abriu o inquérito para investigar o caso ainda em dezembro, mas diz ter encontrado muitas dificuldades pela dinâmica do evento e por ser uma área dominada pelo tráfico, em que diligências simples requerem muita estrutura e planejamento. Também afirma que não podia dar muitas informações às famílias das vítimas, que moram ali.
POR FOLHAPRESS