O escritor Olavo de Carvalho disse, nesta segunda-feira (20), que se sentiu usado por Jair Bolsonaro e que o presidente o fez de “poster b...
O escritor Olavo de Carvalho disse, nesta segunda-feira (20), que se sentiu usado por Jair Bolsonaro e que o presidente o fez de “poster boy” para se eleger, termo em inglês que remete a “garoto propaganda”.
– Depois disso, até meus amigos que estavam no governo ele tirou – disse Olavo durante transmissão online do canal Conserva Talk.
Também estavam presentes nomes ligados ao chefe do Executivo, como os ex-ministros Ricardo Salles, Abraham Weintraub e Ernesto Araújo.
Na ocasião, Olavo defendeu que a “briga já está perdida”.
– O Brasil vai se dar muito mal. Não venham com esperanças tolas. Existe uma chance (de voltar), mas muito remota, se Bolsonaro acordar, e eu não sei como fazê-lo acordar – afirmou.
Olavo de Carvalho também rechaçou a expressão “guru de Bolsonaro”, usada muitas vezes para identificá-lo.
– Isso é absolutamente falso. Conversei com ele quatro vezes na minha vida. Eu duvido que ele tenha lido meu livro inteiro – disse, acrescentando que tem zero influência sobre o presidente.
Na live, o escritor chegou a dizer que o presidente é um “excelente administrador”, mas o comparou a um prefeito de “cidade do interior”:
– É o Paulo Maluf sem a roubalheira – afirmou.
Olavo afastou ainda a ideia de que o presidente representaria a direita brasileira.
– No Brasil, só tem duas possibilidades: ou você é comunista, ou você é neutro. Não existe direita. Existe bolsonarismo – concluiu.
Esta não é a primeira vez que Olavo tenta se afastar do presidente apesar de retomar elogios à gestão em algumas ocasiões. Em novembro do ano passado, o escritor disse que Bolsonaro deveria renunciar se não defendesse “os mais fiéis amigos”. Também em 2020, chegou a falar que poderia “derrubar o governo”.
A fala do ideólogo corrobora com o depoimento que ele prestou à Polícia Federal em dezembro deste ano, no âmbito do inquérito das milícias digitais. Às autoridades, Olavo reforçou que teve pouco contato com o chefe do Executivo.
*AE