A Polícia Civil de São Paulo segue investigando o assassinato da jovem Dalliene de Cassia Brito Pereira, de 21 anos, registrado no último ...
A Polícia Civil de São Paulo segue investigando o assassinato da jovem Dalliene de Cassia Brito Pereira, de 21 anos, registrado no último sábado (1°), em Santo Amaro, na Zona Sul da capital. De acordo com a família da vítima, era comum que ela deixasse o apartamento aberto.
– Minha filha confiava em deixar a chave na porta da frente, debaixo do tapete ou o apartamento destrancado – disse ao Estadão a mãe da jovem, Valéria Fátima Alves de Brito, de 46 anos
Ao chegar ao local na manhã do último sábado, a colega de apartamento estranhou que o apartamento estivesse trancado por dentro, o que não era comum. O zelador e a polícia arrombaram a porta e encontraram a vítima morta no local. Valéria foi informada da morte às 8h23 daquele dia.
– Quando atendi o celular, só ouvia a voz de uma moça chorando e logo um policial pegou o telefone e disse: “Sua filha veio a óbito”. Naquela hora eu desmontei – desabafou.
A mãe de Dalliene acredita que o ponto mais importante em torno da morte da filha é a chave do apartamento, que era compartilhada com a amiga que também morava no local. Segundo conta, as duas tinham o combinado de só trancarem o apartamento quando saíssem juntas e deixavam a chave debaixo de um tapete. Quando uma delas ficava em casa e a outra saía, a porta ficava destrancada.
– Nunca achei isso certo [apartamento destrancado] e sempre me preocupava, mas ela confiava. Não temos nenhuma informação sobre o andamento das investigações, mas temos muita confiança no trabalho da polícia – acrescenta a mãe.
Segundo Valéria, parentes que residem na capital paulista acompanham o caso de perto junto ao Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa da Polícia Civil de São Paulo (DHPP).
– Queremos respostas. Nossa busca é pelo esclarecimento dos fatos e que a justiça seja feita por Dallliene – diz.
A jovem foi encontrada morta sobre a cama, sem roupas e com um travesseiro sobre o rosto. A morte foi registrada como homicídio por asfixia pela Polícia Civil. No apartamento, não havia sinais de luta. Segundo informações concedidas à polícia, vizinhos teriam ouvido barulhos da cama rangendo e pedido de socorro.
VÍTIMA SONHAVA COM VIDA FORA DO PAÍS
Dalliene foi sepultada no final da manhã desta terça-feira (4), em Uberaba (MG), sob grande comoção. Era a segunda vez que morava na capital paulista onde decidiu buscar novas oportunidades de trabalho.
– O maior sonho era sair do país – lembra a mãe.
Para isso, ela fazia curso de oratória e de conversação em inglês.
Antes da pandemia, a jovem morou pela primeira vez na cidade para trabalhar como modelo, mas desistiu da profissão por causa das exigências. Durante a pandemia, voltou para a sua cidade natal para ficar com a família e começou a cursar Administração de Empresas.
Em janeiro deste ano, retornou a São Paulo para estagiar no setor administrativo de uma empresa onde vinha se destacando pelo esforço e dedicação.
– Ela estava muito feliz devido ao seu bom desempenho e crescendo profissionalmente – diz Valéria.
A mãe diz que seu consolo são os momentos vividos ao lado da caçula de três filhos.
– Ela era uma menina abençoada de corpo e alma. Muito educada, cheia de sonhos – lembra.
As duas falavam-se todos os dias, por mensagem de aplicativo. No dia da morte da filha, Valéria recebeu o tradicional “bom dia” e, à tarde, um “oi, mãe”.
– Senti que ela queria me contar algo, mas não disse mais nada – ponderou.
À noite, Valéria ainda mandou um vídeo para a filha que levava uma mensagem de que o coração é um radar que quando sente algo de errado, ele dá sinais.
– Ali, ela não me respondeu mais – lamentou.
Valéria afirma que se sente muito acolhida pelas inúmeras mensagens de solidariedade que tem recebido.
– Isso que está me fortalecendo. Ainda há muita bondade no ser humano – completou.
*AE