O deputado federal André Janones (Avante-MG) teria cobrado de seus assessores da Câmara que repassassem parte dos salários para que el...
O deputado federal André Janones (Avante-MG) teria cobrado de seus assessores da Câmara que repassassem parte dos salários para que ele pagasse suas despesas pessoais, prática conhecida como rachadinha. O “pedido” aparece em um áudio que foi divulgado nesta segunda-feira (27), pelo colunista Paulo Cappelli, do site Metrópoles.
Na gravação, o parlamentar diz que pretendia gastar o repasse de servidores públicos com “casa, carro, poupança e previdência”. Em 2022, ele recebeu 238 mil votos e foi o segundo parlamentar mais votado de Minas Gerais. A reunião na qual os valores foram pedidos aconteceu na própria Câmara dos Deputados, na sala de reuniões do Avante.
Antes de pedir os salários da equipe, Janones tenta justificar a cobrança dizendo que perdeu quase R$ 700 mil em uma campanha para prefeito. A candidatura em questão aconteceu em 2016, quando o político concorreu ao comando da Prefeitura de Ituiutaba, em Minas Gerais, e ficou em segundo lugar com 13 mil votos.
– Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. “Ah isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome”. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser – declarou.
Na gravação, Janones declarou ainda que teria perdido “uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 mil” e que achava justo que algumas pessoas participassem com ele da “reconstrução” do patrimônio.
– Então, não considero isso uma corrupção – resumiu.
Em outro trecho, o deputado chegou a dizer que não seria justo assessores permanecerem com 100% de seus salários, enquanto ele teria que arcar com as perdas da campanha.
– Por exemplo, o Mário vai ganhar R$ 10 mil [por mês]. Eu vou ganhar R$ 25 mil líquido. Só que o Mário, os R$ 10 mil é dele líquido. E eu, dos R$ 25 mil, R$ 15 mil eu vou usar para as dívidas que ficou (sic) de 2016. Não é justo, entendeu? – disse.
Apesar de tentar se justificar, o próprio parlamentar reconheceu que a prática poderia colocar em risco seu mandato. Ele, porém, tentou fazer pouco caso da questão e disse não se importar se fosse cassado.
– E se eu tiver que ser colocado contra a parede, eu não estou fazendo nenhuma questão desse mandato. Para mim, renunciar hoje seria uma coisa tão natural. Se amanhã vier uma decisão da Justiça: “O André perdeu o mandato”, você sabe o que é eu não me entristecer um milímetro? – afirmou.
Segundo o colunista Paulo Cappelli, a gravação de Janones foi feita pelo jornalista Cefas Luiz, ex-assessor do deputado, em fevereiro de 2019, após o parlamentar se eleger pela primeira vez. Cefas teria afirmado que levará a gravação à Polícia Federal juntamente com outras provas de supostas irregularidades que teriam ocorrido no gabinete do político.
Procurada pelo Metrópoles, a assessoria de Janones disse ter conhecimento de que um ex-assessor gravou o deputado, mas alegou que os áudios foram “tirados de contexto”. Em 2022, o deputado foi alçado ao protagonismo da política nacional após se lançar candidato a presidente da República e depois desistir para coordenar as redes sociais de Lula (PT), que venceu o pleito.
Por: Metrópoles