Uma estudante iraniana foi presa após ser vista sem roupa no campus de uma universidade em Teerã, no último sábado (2). A atitude da jovem...
Uma estudante iraniana foi presa após ser vista sem roupa no campus de uma universidade em Teerã, no último sábado (2). A atitude da jovem teria sido em protesto por ter sido atacada por agentes de segurança por não usar o véu islâmico, o hijab.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a estudante, em roupas íntimas, caminhando no pátio da Universidade de Ciência e Pesquisa de Teerã.
Outras imagens mostram a jovem sendo forçada a entrar em um carro – que não se parece com uma viatura de polícia – por várias pessoas, aparentemente membros da segurança da universidade.
A jovem foi levada para um local desconhecido.
Fontes oficiais ainda não reagiram ao incidente; no entanto, o jornal Hamshahri negou que a mulher tenha sido maltratada por não usar o véu e observou que a equipe de segurança apenas a repreendeu verbalmente.
As autoridades iranianas vêm tentando há dois anos reimpor o hijab com punições como o confisco de veículos e o retorno às ruas da polícia da moralidade, que prende as mulheres que não usam o véu.
Apesar disso, muitas iranianas continuam a não cobrir os cabelos como um gesto de desobediência e desafio à república islâmica, após a morte da jovem Mahsa Amini sob custódia policial, depois de ter sido presa por supostamente não usar o véu adequadamente.
No final de setembro, o Conselho dos Guardiões – órgão que veta a legislação – aprovou um projeto de lei sobre castidade e o hijab, que endurece as punições pelo não uso do véu, com até cinco anos de prisão.
O Parlamento já havia aprovado o projeto de lei, que agora deve ser promulgado pelo presidente do Irã, o reformista Masoud Pezeshkian, que prometeu, durante a campanha eleitoral, que relaxaria o rigoroso código de vestimenta do país, algo que não aconteceu.
A Universidade Azad de Teerã negou que a estudante que tirou a roupa no campus tenha sido agredida por não usar o véu islâmico e justificou que a jovem sofre de um “distúrbio mental”.
– As investigações mostram que, devido a seu distúrbio mental, ela começou a filmar seus colegas de classe e seu professor, que se opuseram – relatou, na rede social X, Amir Mahjob, diretor de relações públicas da unidade de Ciência e Pesquisa da Universidade Azad de Teerã.
O diretor disse que, depois de ser advertida por estudantes e pela segurança da universidade, a jovem foi rapidamente para o pátio e tirou a roupa.
Mahjob alega que, depois de vários pedidos de atenção dos seguranças, a jovem se recusou a vestir suas roupas e foi levada para a delegacia de polícia.
A imprensa iraniana, como a agência de notícias Fars e o jornal Hamshahri relataram, inicialmente, que a jovem havia tirado suas roupas por causa da questão do hijab.
A Anistia Internacional do Irã disse, no Instagram, que relatos da mídia estatal iraniana apontam que a jovem foi levada para um hospital psiquiátrico.
*Com informações da Agência EFE