“Foram os 45 dias mais difíceis da minha vida. Nem quando corri uma meia maratona, senti uma fadiga tão grande”, compara a professora Cisele...
“O processo de reabilitação foi um pouco lento no início por causa da fadiga e do cansaço que eu sentia para fazer os exercícios. Parece que a gente não vai voltar ao normal. As minhas pernas falhavam, não tinha força nas mãos, sentia muitas dores nas articulações. Senti muito medo de não me recuperar”, lembra.
Cisele também começou a fazer acompanhamento com um psiquiatra para tratar o pânico pós-traumático adquirido após perder o sogro e dois tios para a Covid-19. “As pessoas foram morrendo, eu não me sentia 100% e fiquei apavorada”, lembra.
Oito meses depois do diagnóstico, a professora que tinha o hábito de correr, nadar e pedalar passou a evitar praticar atividades físicas de alta intensidade. Segundo ela, o que mais incomoda atualmente é uma dor de cabeça persistente. “Não tem remédio nenhum que faça passar e ainda sinto fadiga por qualquer esforço a mais”, lamenta.
A memória e a concentração também continuam prejudicadas. “Não sou mais a mesma, tanto na parte emocional quanto física”, completa.
Protocolo de recuperação pós-Covid
Cada organismo enfrenta o novo coronavírus de uma maneira, mas no geral, todos os pacientes precisam passar por avaliação após se recuperarem da infecção.
As sequelas mais comuns do coronavírus são fadiga, fraqueza muscular, dificuldade para engolir alimentos, perda de olfato e paladar, falta de ar, dificuldade para caminhar, queda de cabelo e perda de memória. Os pacientes também podem apresentar alterações no equilíbrio, dificuldade para dormir, irritabilidade e quadro depressivo.
De acordo com o fisioterapeuta e osteopata do IBPhysical, Carlos Magno, os efeitos da Covid-19 estão se mostrando mais comuns entre adultos jovens, com idade entre 30 e 50 anos. “No ano passado, a gente via essas sequelas mais presentes em idosos. Agora não, nós vemos também entre os jovens adultos”, afirma.
Para os que precisam de internação, o trabalho de fisioterapia deve começar ainda no ambiente hospitalar, focado primeiro no trabalho cardiopulmonar, enfatizado na respiração. “Normalmente, os pacientes com quadro grave ficam acamados por dez a 20 dias ou até mais. As alterações sensoriais prejudicam a capacidade de andar e, muitas vezes, eles sentem dificuldades para dar o primeiro passo”, diz Magno.
Fonte: Metrópoles