Em carta aberta, os defensores justificaram a recusa ao comparar o valor com a indenização paga após a morte do cão Manchinha, espancado por um segurança na filial da rede em Osasco, em 2018.
“Não podemos deixar de comparar o Manchinha com o Nego Beto. Parece grosseiro fazer este comparativo, mas torna-se impossível não traçar um paralelo, pois parece que, para o Carrefour, o valor dado a vida de um cachorro e de um ser humano é exatamente o mesmo”, disseram os advogados.
No documento, os advogados de Milena compararam o caso João Alberto com o de George Floyd , morto por um policial nos Estados Unidos em 2020.
“A comparação é inevitável (entre o caso João Alberto com George Floyd. Em outras palavras, necessitamos alterar a jurisprudência, mas também precisamos mudar a cultura, a partir dessa negociação! Fica mais duas perguntas para a sociedade brasileira. Quanto vale a vida de um negro afro-brasileiro e um negro afro-americano? Quando vai ter fim a síndrome do cachorro vira-lata”, concluíram.
Embora Milena não tenha aceitado o valor proposto pela rede, sua filha, e enteada de João Alberto, e o pai da vítima fecharam acordo com a rede de supermercados para indenização. No entanto, os valores negociados não foram divulgados.
O Carrefour ainda não se pronunciou publicamente sobre a recusa da viúva de João Alberto.
Morte de João Aberto
João Aberto morreu após ser espancado por dois seguranças em uma unidade da rede em Porto Alegre (RS) em novembro do ano passado. Um vídeo, gravado no momento da abordagem, ainda está em análise por investigadores da Polícia Civil.
Seis pessoas, entre elas os seguranças e uma funcionária que gravou o crime, foram indiciados por homicídio triplamente qualificado. Os dois vigilantes foram presos logo após o crime.