Daquelas que ainda não liberaram a volta presencial das aulas, dez redes de ensino em estados e no Distrito Federal pretendem convocar os alunos no próximo mês. Na Paraíba e no Acre, isso está previsto para setembro. Bahia e Roraima ainda não definiram cronograma de retorno às aulas presenciais.
O Brasil foi um dos países em que alunos ficaram mais tempo fora dos colégios, fechados inicialmente em março de 2020 para conter a transmissão do coronavírus. Com isso, educadores estimam graves prejuízos de aprendizagem e socioemocionais aos alunos, sobretudo os mais vulneráveis.
Na pandemia, especialistas criticaram os gestores que priorizaram a reabertura de shoppings, bares e igrejas, em detrimento das escolas. E o Ministério da Educação (MEC), por sua vez, vem sendo considerado omisso, por falta de apoio às redes escoares na implementação de classes remotas e/ou na preparação dos colégios para a reabertura.
Em Roraima, um protocolo experimental de retorno gradual às aulas presenciais deve ser implementado ainda este ano, mas somente após a Vigilância Sanitária informar a quantidade de professores vacinados. O retorno presencial total é previsto para 2022.
A Bahia também disse adotar modelo 100% remoto e monitorar índices da Covid.
Já na rede paulista, por exemplo, as escolas poderão, a partir de agosto, receber a totalidade dos alunos, se respeitado o distanciamento de um metro entre pessoas. A maioria das redes estaduais cuidam de alunos das séries finais do ensino fundamental (11 a 14 anos) e do ensino médio. Neste caso, como os adolescentes estão no fim do ensino básico, o pouco tempo para recuperar o conteúdo até o fim do ciclo é um desafio.
Sete capitais ainda não têm previsão de retorno
Até julho, em apenas 13 capitais já haviam retornado parcialmente as atividades presenciais de suas redes de ensino. Entre aquelas que optaram por atividades remotas, quatro pretendem voltar às atividades presenciais em agosto; três, em setembro; e sete permanecem sem previsão de retorno. As redes municipais atendem, na maioria, as séries iniciais do ensino fundamental (6 a 10 anos) e a educação infantil (creche e pré-escola), justamente os alunos que têm mais dificuldades de acompanhar aulas online.
Belo Horizonte, por exemplo, iniciou o retorno da educação infantil em maio, após quase 12 meses de creches fechadas. A partir disso, fez a liberação gradativa das séries seguintes, mas alunos do 6º ao 9º ano voltarão só em 5 de agosto.
Outras capitais decidiram por retorno mais tardio. É o caso de Rio Branco, que pretende retomar as aulas presenciais depois que todos os professores tomarem a 2ª dose da vacina anticovid, o que acontecerá na 2ª quinzena de setembro. Como Rio Branco, Belém e Aracaju também estimam o retorno das atividades presenciais em setembro. No caso da capital do Sergipe, a abertura de colégios particulares também não foi liberada.
Em Maceió, por outro lado, as escolas seguem sem previsão de regresso às aulas presenciais. Os docentes da rede devem receber a 2ª dose da vacina na 2ª semana de agosto, mas a Secretaria de Educação informa que as aulas presenciais voltarão quando houver segurança tanto para os trabalhadores como para os estudantes.
Após fazer avaliação diagnóstica própria em sua rede, o governo de São Paulo afirmou que estima o tempo de 11 anos para recuperar a aprendizagem perdida em Matemática, durante a pandemia, nos anos iniciais do ensino fundamental. Alunos do 5º ano da rede estadual perderam habilidades que já haviam adquirido, segundo mostraram os resultados do teste. Hoje, um aluno de 10 anos tem desempenho pior do que tinha quando estava com 8 anos.
Os dados são de levantamento feito pelo Estadão junto a governos estaduais.
*AE