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A (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos do 8 de Janeiro começa a série de depoimentos nesta terça-feira (20/6), com o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques. Ele comparece à CPI do 8/1 no papel de testemunha.
Em depoimento, ele negou que o cargo dele tenha sido usado em benefício do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e também refutou manter qualquer relação pessoal com o ex-mandatário.
“Esse foi um dos questionamentos: ‘Ah, por que o senhor tem foto com o presidente da República lá no Rio de Janeiro?’. Porque foi o único que deixou eu bater a foto. Nenhum outro presidente autorizou a gente bater foto. As fotos que eu tenho com o presidente Bolsonaro é porque ele me permitiu tirar”, disse Silvinei.
Segundo o ex-diretor da PRF, ele nunca utilizou o cargo para benefício próprio ou dar apoio ao ex-presidente. “O cargo nunca foi usado em benefício meu e muito menos dele (Bolsonaro). Não seria eu que mudaria o resultado da eleição”, continuou.
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Depoimento
A oitiva começou por volta das 10h30, quando o ex-diretor se apresentou e falou por 20 minutos, conforme autorizado pela mesa da Comissão Parlamentar. Ao chegar ao Senado, Silvinei disse que “vai ser um dia legal”: “Vamos acompanhar. Estamos preparados para falar 10h, até 15h”.
“Bom dia a todos. Depois de oito meses, esta é a primeira oportunidade de esclarecer, após o período eleitoral, a razão dos bloqueios nas rodovias federais. Então agradeço muito”, iniciou seu depoimento.
Ainda na fala inicial, ele negou que a instituição tenha trabalhado para impedir os brasileiros de votar. Segundo ele, nenhum brasileiro deixou de votar por conta das operações ferroviárias.
“Não existe, até o presente momento, qualquer registro de que um cidadão brasileiro, apenas um, deixou de votar no dia 30 de outubro pelo trabalho de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal. Não existe nos registros”, disse.
Vasques defendeu a instituição da qual fez parte e afirmou que o órgão está “triste” por oito meses, mas que, antes, era visto com “reconhecimento”, em alusão aos mandatos de Lula e Jair Bolsonaro, respectivamente. Segundo o depoente, não é verdadeira a afirmação de que a PRF reforçou a fiscalização na Região Nordeste durante o segundo turno eleitoral.
“Se falou muito que a PRF, no segundo turno da eleição, direcionou a sua fiscalização para o Nordeste brasileiro, mas isso não é verdade. Não é verdade, porque o Nordeste brasileiro é o local que nós temos nove estados, nove precedências. Também temos uma maior estrutura da PRF no Brasil, a maior quantidade de unidades da PRF situa-se em estados do Nordeste, onde também se encontra o maior efetivo da instituição.”
O ex-PRF ainda afirmou que não houve conspiração contra a candidatura de Lula à Presidência:
“A PRF trabalhou para prejudicar o candidato, atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva? A PRF operou em 618 pontos no Brasil, em 310, segundo dados agora de abril do TSE, Lula venceu, em 318 venceu o presidente Bolsonaro. Então, a PRF atuou mais nos locais onde o presidente Bolsonaro venceu do que nos locais que o presidente Lula ganhou.”
CPMI
A decisão sobre quais seriam os primeiros ouvidos na CPI foi tomada na última quarta-feira (14/6), durante reunião da mesa da colegiado. A sessão seguinte, em 22 de junho, visa colher o depoimento de outro convocado: George Washington de Oliveira Sousa, um dos envolvidos na tentativa de explosão de uma bomba no Aeroporto de Brasília, em dezembro do ano passado. Washington foi condenado a 9 anos e 4 meses de prisão.
Os convocados, na condição de testemunha, são obrigados a comparecer à comissão para prestar informações. Os investigados, no entanto, têm o direito de recusar a participação.
A comissão estava marcada para começar às 9h.
Quem é o ex-diretor da PRF
Silvinei Vasques é investigado pelo Ministério Público Federal devido a uma operação da PRF realizada nas estradas durante o domingo das eleições presidenciais. O ex-diretor-geral também chegou a ser intimado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para esclarecer as operações policiais relacionadas ao transporte de eleitores no segundo turno das eleições.
De acordo com o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, as operações não impediram eleitores de chegarem aos seus locais de votação.
Ex-diretor da PRF e natural de Ivaiporã, no Paraná, Silvinei Vasques faz parte dos quadros da PRF desde 1995 e já exerceu atividades de gerência e comando em diversas áreas do órgão. Ele foi superintendente nos estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro, e atuou como coordenador-geral de Operações. Também foi secretário municipal de Segurança Pública e de Transportes no Município de São José, em Santa Catarina, em 2007 e 2008.
Ele assumiu o cargo de diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em abril de 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro. A exoneração aconteceu em 20 de dezembro.
Aliado do ex-presidente
Em 30 de outubro, Vasques usou as redes sociais para pedir votos a favor do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Em Story do Instagram, ele divulgou uma imagem da bandeira do Brasil, com a seguinte mensagem: “Vote 22. Bolsonaro presidente”. Ele apagou a publicação horas depois.
Veja:
Sob investigação
Em novembro, Silvinei prestou depoimento à PF para explicar as blitze feitas pela PRF durante as eleições presidenciais. O TSE havia vetado tais práticas no dia do pleito justamente para não comprometer o processo. Mesmo assim, policiais rodoviários federais teriam executado as ações, sob orientação de ofício expedido pelo então diretor-geral da corporação.
As ações, realizadas em diversas estradas, contaram com maior atuação no Nordeste, região em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve mais votos.
Em vídeos que circularam no dia das eleições, vários eleitores nordestinos em transporte público se queixaram de que não estariam conseguindo chegar aos locais de votação. Após a repercussão de imagens que mostram agentes impedindo o trânsito de eleitores, o termo “Deixem o Nordeste Votar” ficou em primeiro lugar entre os assuntos mais comentados no Twitter.
Também em novembro, Silvinei Vasques virou réu por improbidade administrativa na Justiça Federal do Rio de Janeiro. O Ministério Público Federal (MPF) protocolou o pedido sob a alegação de que o chefe da corporação fez uso indevido do cargo.
Crédito: Metrópoles